sábado, 21 de dezembro de 2024
domingo, 7 de julho de 2024
Tese: Visibilidades dos invisibilizados (Paulo Robério Ferreira Silva)
Paulo Robério Ferreira Silva. VISIBILIDADES DOS INVISIBILIZADOS: protagonismos dos subalternizados na Sociedade dos Currais entre 1689 e 1736 (tese de doutorado).
Concorrendo aos:
* Prêmio CAPES de Tese Edição 2024
* Prêmio UNIMONTES de Dissertações e Teses 2024.
RESUMO
SILVA, Paulo Robério Ferreira. Visibilidades dos invisibilizados: protagonismos dos subalternizados na Sociedade dos Currais entre 1689 e 1736. 000 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros, MG, 2023.
A invisibilidade da expressiva maioria da população brasileira é parte de um projeto de poder que vem sendo praticado desde os primeiros anos da invasão/colonização lusitana, assentada na subalternidade, na colonialidade e na modernidade. O objetivo desta tese é contribuir para trazer à visibilidade os sujeitos, conhecimentos e práticas que foram invisibilizados desde a criação da Sociedade dos Currais, em sua primeira fase, entre 1689 e 1736. Essa foi a primeira sociedade colonizadora com população sedentária no território que viria a integrar a capitania de Minas Gerais. As visibilidades dos invisibilizados foram apreendidas como os protagonismos em subalternidades. Para tanto, a estrutura teórico-metodológica utilizada foi a da genealogia decolonial. As análises foram feitas considerando as emergências de fenômenos que possibilitassem a apreensão desses protagonismos. Definiu-se como escopo, as redes formadas por elementos materiais e simbólicos que constituíssem os fenômenos socio-históricos analisáveis como totalidades heterogêneas. O protagonismo, na perspectiva dos subalternizados, foi definido como o agir criativamente, conforme as suas necessidades e expectativas, tensionados nas relações poder/resistência e/ou em situações de exterioridade à hegemonia invasora/colonizadora. Já a subalternidade, no bojo das invenções do padrão colonial/moderno de poder, como a depreciação e inferiorização de todos os povos e suas culturas que foram subjugados e submetidos pelo mundo ocidental. Por esse prisma, a colonialidade é o arcabouço de conhecimento que classifica e hierarquiza praticamente todas as dimensões existenciais a partir da primazia do mundo ocidentalocêntrico; e a modernidade, o padrão de poder que proclama a ele mesmo como o estágio superior das sociedades humanas, com instituições que devem ser referenciadas pelas demais culturas e com a autoridade para intervir nos povos que foram subalternizados. Nos Sertões do Rio São Francisco, a subalternidade e a colonialidade/modernidade foram criadas no bojo de uma poderosa rede de gentes brancas. Para além dela, os mundos sociais que foram subalternizados ou que existiram exteriormente aos seus domínios, não apenas foram fundamentais para a existência daquela sociedade, como também (re)inventaram-se para se adaptarem, corrompê-la e se desvencilhar dela. Internamente, emprestaram seus conhecimentos milenares, foram mão de obra e também lideraram movimentos, como nas Insurreições dos Currais. Externamente, tornaram o Sertão dos Povos Originários praticamente impenetrável para o invasor, reflexo da expertise daqueles povos. Ao se fazer o giro decolonial, em fins da de(s)colonização epistêmica dos que foram invisibilizados, evidenciou-se que o protagonismo em subalternidade é o protagonismo decolonial que constrói as bases e as condições para o protagonismo pluriversal, em que todos os povos são lóci autônomos, ao mesmo tempo que interdependentes, de conhecimentos e práticas fundamentais para a reprodução das sociedades humanas.
terça-feira, 26 de dezembro de 2023
WALTER D. MIGNOLO , RITA SEGATO , CATHERINE E. WALSH EDITAM ANÍBAL QUIJANO
Livro: Aníbal Quijano - Foundational Essays on the Coloniality of Power
(Aníbal Quijano - Ensaios Fundamentais sobre a Colonialidade do Poder)
Páginas: 480
Data de lançamento: 5 de abril de 2024
Autor: Aníbal Quijano
Editores: Walter D. Mignolo , Rita Segato , Catherine E. Walsh
O sociólogo peruano Aníbal Quijano é amplamente considerado uma figura fundadora da perspectiva decolonial baseada em três conceitos básicos: colonialidade, colonialidade do poder e matriz colonial de poder. As suas teorizações descoloniais destes três conceitos transformaram os princípios e pressupostos da própria ideia de conhecimento, impactaram as ciências sociais e humanas e questionaram o mito da racionalidade nas ciências naturais. Os ensaios deste volume abrangem quase trinta anos de trabalho de Quijano, trazendo-os pela primeira vez a um público leitor inglês. Este volume não é simplesmente uma introdução à obra de Quijano; atinge um de seus objetivos não alcançados: escrever um livro que contenha suas principais hipóteses, conceitos e argumentos. Nesse sentido, a coleção incentiva uma compreensão mais plena e uma implementação mais ampla das análises e conceitos que desenvolveu ao longo de sua longa carreira. Além disso, demonstra que as ferramentas para ler e desmantelar a colonialidade tiveram origem fora da academia, na América Latina e no antigo Terceiro Mundo.
“Como autor que cunhou o conceito amplamente utilizado de 'colonialidade', é urgente que as obras de Aníbal Quijano estejam disponíveis em inglês. A sua obra é essencial para o estudo das culturas e sociedades coloniais e também para a análise da contemporaneidade, marcada pela perpetuação de sistemas coloniais de dominação. Este livro enriquecerá e promoverá não apenas os estudos latino-americanos, mas também a sociologia, a ciência política, a antropologia, os estudos raciais e étnicos e as humanidades de forma mais ampla.” — Mabel Moraña, autora de Filosofia e Crítica na América Latina: De Mariátegui a Sloterdijk
“Aníbal Quijano analisa as ausências causadas pelo eurocentrismo na compreensão da América Latina e do Caribe e mostra como a colonialidade do poder fragilizou nossos Estados-nação ao impor a raça desde o início para nos classificar, dominar e explorar. Assim, o fortalecimento das nossas identidades nacionais torna-se indispensável para impedir a erosão dos nossos Estados e para afastar as ameaças do bloco imperial, liderado pelos Estados Unidos, contra a vida no planeta Terra.” — Jean Casimir, autor de Os Haitianos: Uma História Decolonial
Biografias:
- Aníbal Quijano (1928–2018) foi um renomado sociólogo e teórico peruano e autor de vários livros.
- Walter D. Mignolo é William H. Wannamaker Distinguished Emérito Professor de Estudos Românicos e Professor de Literatura na Duke University.
- Rita Segato é Professora Emérita em Bioética e Direitos Humanos da Universidade de Brasília.
- Catherine E. Walsh é Professora Emérita da Universidade Andina Simón Bolívar.
Índice
Introdução / Catherine E. Walsh, Walter D. Mignolo e Rita Segato 1
1. Paradoxos da Modernidade na América Latina 32
2. A Estética da Utopia 64
3. Colonialidade e Modernidade/Racionalidade 73
4. Questionando a “Raça” 85
5. Colonialidade do Poder e Classificação Social 95
6. O Retorno do Futuro e Questões sobre o Conhecimento 132
7. Colonialidade do Poder, Globalização e Democracia 146
8. O Novo Imaginário Anticapitalista 188 9.
Dom Quixote e os Moinhos de Vento na América Latina 204
10. O “Movimento Indígena” e questões não resolvidas na América Latina 229
11. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina 256
12. Colonialidade do poder e des/colonialidade do poder 303
13. Trinta anos depois: outra reunião: notas para outro debate 317
14 A crise do horizonte de sentido colonial/moderno/eurocêntrico 331
15. América Latina: rumo a um novo sentido histórico 347
16. Colonialidade de poder e subjetividade na América Latina 361
17. “Bien Vivir”: entre o “desenvolvimento” e o De /Colonialidade do Poder 379
18. Trabalho 392
19. Notas sobre a Descolonialidade do Poder 411
20. Modernidade, Capital e América Latina Nasceram no Mesmo Dia: Entrevista de Nora Velarde 418
Bibliografia 443
domingo, 19 de fevereiro de 2023
A GUERRA ESQUECIDA: os Anaió e os colonizadores na Guerra dos Bárbaros no Sertão do Rio São Francisco entre 1684 e 1688 (Artigo Científico)
Resumo: A “guerra esquecida” foi uma etapa da Guerra dos Bárbaros que passou despercebida da historiografia até o início do século XXI. Nos Sertões do Rio São Francisco, próximo, ao Sul, aos Rios Verde e Carinhanha, digladiaram, entre 1684 e 1688, os povos nativos Anaió e as tropas comandadas pelo paulista Matias Cardoso de Almeida e pelo baiano Marcelino Coelho. Além de contribuir para justificar que as Guerras do São Francisco – a outra ocorreu na segunda metade da década de 1670 também entre Anaió e colonizadores – não faziam parte das Guerras do Recôncavo, como aceito por alguns historiadores, os efeitos dessa contenda lançam luzes sobre com os povos nativos, para além da violência do extermínio, também participaram da emergência do povo brasileiro que surgiu com a colonização.
Palavras-chave: Guerra dos Bárbaros. Anaió. Colonizadores luso-brasileiros. Matias Cardoso. Sertão do Rio São Francisco.
SILVA, Paulo Robério Ferreira. - A Guerra Esquecida: os Anaió e os colonizadores na Guerra dos Bárbaros, no Sertão do Rio São Francisco, entre 1684 e 1688. Revista Faces da História. V. 8, n. 1, p. 264-282, jun., 2021.
Disponível em: <https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/1938/1794>.
Leia e/ou baixe o artigo completo no site da Revista Faces da História:
https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/1938/1794
sábado, 18 de fevereiro de 2023
INVENÇÃO DA SUBALTERNIDADE: o não colonizado em representações dos tapuias produzidas por padres e cronistas do século XVI no Brasil (Artigo Científico)
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Autores: Paulo Robério Ferreira Silva & João Batista de Almeida Costa
RESUMO: Tapuia foi um termo pejorativo, utilizado largamente no período colonial para designar, primeiramente, os povos nativos do tronco etno-linguístico Macro-Jê. Também foi apropriado pelo colonizador, e significou “o bárbaro mais bárbaro que o bárbaro”. O objetivo deste artigo é discutir a “invenção da subalternidade” a partir da tensão entre o colonizador e os povos colonizáveis e não colonizáveis (os tapuias). Metodologicamente, a partir de cartas de padres jesuítas do século XVI e de relatos de cronistas dos séculos XV e XVI, suportados por uma revisão de literatura pertinente à investigação, primeiro é discutido a subalternidade como uma ideologia que nasce com a colonialidade e a modernidade nos processos de colonização deste continente e que funciona como operacionalizadora destas duas últimas. Daí emergem tanto a alteridade, materializada na figura do Outro, com a sua impossibilidade, manifestada no Outro em si-mesmo; em seguida, são analisados alguns importantes aspectos das representações dos tapuias feitas pelo padre João de Aspilcueta Navarro. Tais representações reverberariam posteriormente entre outros cronistas; e por fim, as ideologias da subalternidade, da colonialidade e da modernidade são analisadas na perspectiva da realização do próprio processo colonizador. O substrato teórico desta discussão é o padrão colonial/moderno de poder no bojo do sistema-mundo colonial/moderno. Desse modo, a “conquista” pela arma e pela cruz, não restringe-se ao período colonial, mas funda um sistema de domínio que chega, ainda com grande vigor, em nossos dias.
Palavras-Chave: Subalternidade; Representações; Tapuias; Não colonizados.
SILVA, Paulo Robério Ferreira; COSTA, João Batista de Almeida. INVENÇÃO DA SUBALTERNIDADE: o não colonizado em representações dos tapuias produzidas por padres e cronistas do século XVI no Brasil. REVISTA LATINO-AMERICANA DE ESTUDOS EM CULTURA E SOCIEDADE. V. 07, nº 01, jan.-abr., 2021.
Leia o artigo completo na REVISTA LATINO-AMERICANA DE ESTUDOS EM CULTURA E SOCIEDADE em: https://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/2177/1449
Imagem: Homem Tarairiú. Pintura do século XVII do holandês, Albert Eckhout.
Prof. Doutorando Paulo Robério participa das "Aulas Inaugurais do Olegário 2023"
O Prof. Doutorando Paulo Robério Ferreira Silva destacou a História pela perspectiva do estudo dos seres humanos em suas intra e inter-relações, bem como em suas dinâmicas no tempo (passado, presente e futuro) e no espaço.
Umas das reflexões realizadas foi sobre a importância da “consciência histórica” para lidar com as demandas contemporâneas de uma sociedade em transformação radical, em que o virtual avança com sobre o concreto, modificando intensamente as subjetividades e, em corolário, as formas como nos organizamos em sociedade.
Na discussão específica, o Prof. Doutorando Paulo Robério, enfatizou o racismo como o eixo constituidor da sociedade brasileira. Mostrou ainda alguns aspectos que relacionam o racismo científico, criado no século XIX, com as lutas atuais para a superação deste fenômeno que violenta cotidianamente milhões de brasileiros.
Por fim, disse dos avanços promovidos pelos movimentos negros e dos povos nativos ao ocupar espaços políticos, econômicos, simbólicos, religiosos, do conhecimento e outros, além de convidar à reflexão a partir de Jessé Souza:
“A aceitação da própria inferioridade pelo oprimido é o fundamento central e mais importante de todo tipo de dominação estável que tenha existido na história humana.”
(Jessé Souza em “O racismo criou o Brasil”, p. 23, 2021).
domingo, 9 de dezembro de 2018
Jovens cientistas do Portela (Manga) discutem “conhecimento escolar” e “conhecimento comunitário”
O projeto de iniciação científica para educandos do Ensino Médio intitulado “Caçadores de Conhecimento” (anteriormente: Africanidades) tem como objetivo investigar qual a relação dos “conhecimentos comunitários” das comunidades de Espinho e Malhadinha, localizadas no município de Manga, e o “conhecimento escolar” oferecido pelo Portela.
Conforme o Prof. Mestre Paulo Robério F. Silva, orientador e responsável pelo referido projeto, “para além de reproduzir os interesses da ordem dominante, que nos últimos séculos é caracterizado pelo domínio das doutrinas liberais, e da condição de também ser lócus de resistência a este domínio, como mostra Saviani (2012), a Escola promove, por meio do conhecimento escolar, importantes diálogos com outros saberes. O seu caráter hegemônico é colocado em xeque neste diálogo extramuros, em que as demandas do mundo real de cada grupo humano exige a (re)invenção de saberes que sejam minimamente adequados para lidar com as exigências de uma sociedade que, em linhas gerais, se complexifica paulatinamente e em, cada vez, maior intensidade (SANTOS, 2015). Por isso que, neste estudo, pretende-se apresentar algumas considerações sobre o diálogo entre o “conhecimento escolar” oferecido pela E.E. Ministro Petrônio Portela de Manga, MG e os “conhecimentos comunitários” das comunidades de Espinho e Malhadinha, localizadas no mesmo município e que há algumas décadas possui alunos estudando na referida Escola”.
Algumas etapas da investigação vêm sendo desenvolvidas, a exemplo da realização de mini-cursos sobre produção científica, pesquisa de campo, discussões quanto aos parâmetros de pesquisa, produção de textos, elaboração de relatórios e estudos bibliográficos.
Ao final do período de investigação, além de contribuir para que educandos do Ensino Médio possam se aproximar da produção do conhecimento científico, fundamental para a vida em sociedades moderas, espera-se responder à demanda da pesquisa, ou seja, “em que medida o “conhecimento escolar” é reconhecido e utilizado por estudantes e moradores das referidas comunidades?”
*Imagem (no topo) dos jovens cientistas do Portela em evento realizado no dia 20 de novembro de 2018 em homenagem ao dia da Consciência Negra em Januária, MG.
Referências
SANTOS, Laymert. Educação desculturalizada. Página do autor, 2015. Disponível em: <https://www.laymert.com.br/educacao-desculturalizada/>. Acesso em: 02 dez. 2018.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 42ª. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
RELAÇÕES RACIAIS É TEMA DE PALESTRA DO PROF. MESTRE PAULO ROBÉRIO F. SILVA
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Manga presente na formação no Programa de Iniciação Científica no Ensino Médio
Educadores participam de formação do Programa Iniciação Cientifica no Ensino Médio
São mais de 120 professores que desenvolveram projetos de iniciação cientifica em suas escolas nos eixos Ubuntu/Nupeaas e TICS
Professores da rede estadual de Minas Gerais que tiveram projetos selecionados para participar do Programa Iniciação Cientifica no Ensino Médio, iniciativa da Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação (SEE), estão reunidos em Belo Horizonte para participar de uma formação. Durante três dias, será discutida a metodologia que deverá ser aplicada nas escolas na execução das iniciativas. São educadores de 94 escolas que tiveram seus projetos selecionados para integrar o eixo Núcleos de Pesquisas e Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e da Diáspora (Ubuntu/Nupeaas) e 33 professores de escolas que tiveram projetos selecionados para participar do eixo Territórios de Iniciação Cientifica (TICS).
“Esses dois grandes eixos de iniciação cientifica dentro do Ensino Médio representam um investimento importante para o jovem e educadores de nossas escolas. É hora de estarmos juntos em busca de uma educação de qualidade e que dê visibilidade ao protagonismo dos estudantes e dos professores”, destacou a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Augusta Mendonça, durante a abertura do Encontro.
O Projeto Iniciação Científica no Ensino Médio tem por finalidade viabilizar e apoiar a atividade de pesquisa e investigação científica em escolas da Rede Estadual de Ensino Médio de Minas Gerais, para estudantes, e conceder extensão de carga-horária a professores do Ensino Médio, para que desenvolvam os projetos de pesquisa selecionados. A ideia é incentivar, apoiar, valorizar e dar visibilidade à produção e compartilhamento de conhecimentos e saberes, oportunizando aos estudantes e professores a identificação de problemas, da escola ou da comunidade, e a construção coletiva de soluções para resolvê-los ou minimizá-los.
“Nós queremos fazer uma ação afirmativa curricular. Instituindo a pesquisa que olhe para as nossas comunidades, que pense os nossos sujeitos e que dialogue com as diferentes identidades que nós temos no ambiente escolar. Mais do que isso, nós estamos instituindo a pesquisa na educação básica para dizer que vamos reconstruir a democracia no nosso país”, ressaltou a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo.
Ubuntu/Nupeaas
O Ubuntu/Nupeaas é uma ação da campanha da Afroconsciencia. A Superintendente de Modalidade e Temáticas Especiais de Ensino, Iara Pires Viana, destaca o perfil dos professores que irão atuar na iniciativa. “Os professores que aqui estão, em sua maioria, possuem pós-graduação e investigam junto com o estudante. O protagonismo juvenil é algo que está posto para o Ubuntu/Nupeaas”.
Durante os três dias, os educadores irão participar de uma formação organizada pela ONG Ação Educativa, que é uma parceira da SEE. Será utilizada uma metodologia que utiliza indicadores de qualidade para educação das relações étnico-raciais, a qual poderá ser apropriada pelos professores para aplicar na escola junto ao projeto. “É uma metodologia interessante, porque ela nos dará a possibilidade de monitorar a aplicabilidade da lei 10.639 nas unidades escolares e a participação das comunidades nos projetos”, afirma Iara.
Ela acredita que a iniciativa deverá impactar mais de 13 mil jovens. “As 94 escolas são os núcleos instalados. São 12 estudantes que se tornam jovens pesquisadores e cada um no processo do projeto irá agregar alunos de outras escolas também. Diretamente, vamos atingir cerca de dois mil estudantes, mas, indiretamente, serão mais de 13 mil”, conclui.
A partir do próximo ano, a professora de Língua Portuguesa, Amanda Carvalho, irá trabalhar com seus alunos o projeto Furtacor. “Vamos pesquisar onde está o negro na região, quais os lugares que ele ocupa, quais as condições oferecidas para começar a entender as oportunidades que estão sendo dadas para, a partir daí, começar um trabalho de conscientização. O resultado final seria a publicação de um livro que registrasse tudo isso”, conta Amanda.
Territórios de Iniciação Cientifica
Os 33 professores que inscreveram um problema de pesquisa ou um anteprojeto terão 10 meses para transformar a pergunta apresentada em uma resposta compatível com os anseios da comunidade. A superintendente de Desenvolvimento do Ensino Médio da SEE, Cecília Resende, destaca o protagonismo dos educadores que tiveram seus projetos escolhidos para participar da iniciativa. “A pesquisa não é uma prática na educação básica. Então, temos aqui 33 heróis que ousaram começar a ação efetiva de pesquisa com um grupo de estudantes. Nesse Encontro, a ideia é que a gente discuta o que é a pesquisa como principio educativo, como utilizá-la para ensinar e para aprender e o que significa fazer pesquisa aplicada àquela comunidade escolar”, pontuou.
Alexandre Ribeiro da Mota é professor de Biologia na Escola Estadual Vigário Torres, em Unaí. O educador escreveu um projeto que pretende fazer um diagnóstico do Córrego Cana Brava e conta o que o motivou a participar na iniciativa e quais os desafios encontrados. “Acabei de concluir um mestrado e fiquei inspirado quando vi essa iniciativa, que é pioneira no Estado, por isso resolvi escrever o projeto. Na escola, percebi que os alunos não têm a concepção do que é a iniciação cientifica e isso será um desafio pra mim. Vou tentar mostrar para eles as etapas que uma pesquisa cientifica deve ter. Nesta formação, pretendo encontrar um norte para conduzir os alunos durante o projeto”, conta.
Campanha Afroconsciência
A iniciativa promovida pela SEE tem o objetivo de fomentar, por meio de diferentes iniciativas, ações nas unidades escolares para a superação do preconceito racial, na busca pelo reconhecimento e valorização da história e da cultura dos africanos na formação da sociedade brasileira, além de iniciativas que enfrentem o racismo e promovam a igualdade racial no âmbito educacional no Estado.
A base da Campanha é a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afrobrasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares no Brasil. De acordo com o texto, os estudos de história e cultura afro-brasileira devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, de forma a resgatar a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política brasileira. A implementação da Lei 10.639 significa uma ruptura profunda com um tipo de postura pedagógica que não reconhece as diferenças resultantes do processo de formação nacional brasileiro. Outra mudança ocorrida a partir da aprovação dessa Lei foi a inclusão, no calendário escolar, do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
domingo, 27 de agosto de 2017
CONHECIMENTO E DISCIPLINA FORAM TEMAS DE PALESTRA DO PROF. MESTRE PAULO ROBÉRIO*
