segunda-feira, 21 de novembro de 2016

POR UMA PEDAGOGIA DA DIVERSIDADE: Lançamento do 1º capítulo do novo livro do Prof. Mestre Paulo Robério

Discutir a Escola por meio de temas que sejam realmente pertinentes à Escola pública. Este foi o eixo que norteou mais um importante evento realizado neste sábado, 19 de novembro de 2016, na E.E. Ministro Petrônio Portela. A palestra realizada pelo Prof. Mestre Paulo Robério F. Silva, seguida de uma mesa redonda, teve como objetivos: lançar o 1º capítulo do seu novo livro, bem como encerrar o ciclo de palestras promovidos este ano naquele estabelecimento de ensino.

Com o tema: “O que é educação”, título do 1º capítulo do livro Educação para a diversidade (no prelo), a palestra do Prof. Mestre Paulo Robério visou trazer algumas reflexões quanto à necessidade de se construir uma pedagogia da diversidade. Considerando que a Diversidade significa o “mito” fundador da sociedade brasileira, embora este mito ainda não seja reconhecido e tomado como principal referência para as necessárias utopias que dariam sentido àquilo que somos e, em consequência, o que visamos ser, a discussão foi organizada a partir de alguns pontos: 1) a necessidade de se apreender a educação tanto em sua perspectiva ontológica como histórica; 2) a educação como algo inevitável ao ser social; 3) a Escola como institucionalização da educação; 4) a Escola construída no Brasil nestes 500 anos; 5) e a necessidade de uma pedagogia da diversidade para se superar o dualismo da Escola brasileira, caracterizado pela promoção de privilégios para minorias e exclusão sistemática para a grande maioria.

Para além destas abordagens, durante a mesa redonda em que participaram como convidados a Supervisora da E.E. Presidente Olegário Maciel, Hélia Silva Alves e os Professores: Hadson Neri de Almeida e Luciano Oliveira, o primeiro representando o Olegário e o segundo a E.E. Ministro Petrônio Portela, aprofundou-se a reflexão sobre alguns temas, como a Escola dualista, quando foi possível perceber este fenômeno em duas dimensões: a) internamente, muitas Escolas ainda se organizariam separando em turmas alunos de origens sociais distintas, o que resulta em atenção diferenciada quando aos processos de ensino; b) em termos institucionais, verifica-se a cisão tanto na disponibilização de recursos, em que algumas Escola seriam privilegiadas, bem como na diferença da qualidade de ensino que se apresenta entre as Escolas públicas e algumas Escolas privadas. Também se enfatizou a falácia do mérito, reproduzida por uma perspectiva capitalista de Escola, que esconde em suas entranhas a necessidade premente de a Escola pública gerar oportunidades para todos, indistintamente.   

Em relação a estes e outros problemas, que podem ser tomados como substratos dos diferentes modelos de Escola que por aqui se desenvolveram e se desenvolve, partiu-se da constatação de que as ordens sócio-político-econômicas que organizaram e organizam a sociedade brasileira, a saber: o escravismo (ainda em voga), o capitalismo, e o cristianismo, têm sido os principais empecilhos para se construir uma ordem social dominante fundada na Diversidade.

A Escola pública teria um papel central na consubstanciação de uma Escola que fosse efetivamente capaz de superar esta realidade que, como se sabe, resultou em uma importante e substancial contribuição na realização de uma das sociedades mais desiguais e violentas do mundo. Seria por meio de uma pedagogia da diversidade (transformadora, revolucionária, universal e fundada no conhecimento), que a sociedade construiria novas bases materiais e teóricas que resultariam na apropriação por todos, indistintamente, das benesses produzidas pela própria sociedade, ao contrário do que vem se realizando nestes 500 anos, quando estas riquezas são concentradas em minorias, herdeiras, grosso modo, da Casa Grande.

A Escola, neste caso, precisaria se (re)inventar. Como lócus privilegiado do conhecimento, a Escola pública ofereceria à sociedade uma Formação Humana Integral, suplantando definitivamente a pedagogia simplória, fragmentada, precária e subserviente ao capitalismo, em favor de uma pedagogia da omnilateralidade, ou seja, das possibilidades concretas de os educandos se apropriariam dos saberes significativos produzidos pela humanidade ao longo da história, e por meio desta apropriação, em diálogo com suas próprias experiências, se construir novos sentidos e novas possibilidades de estar no mundo, a partir de suas potencialidades, criatividades e da solidariedade.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

"AULA COLETIVA" SOBRE PEC 241 (55)

As Escolas Estaduais Presidente Olegário Maciel e Ministro Petrônio Portela realizaram nesta segunda (31) e terça (01), respectivamente, aulas coletivas com educandos do Ensino Fundamental (séries finais) e Ensino Médio como objetivo de discutir a PEC 241 (55) que tramita no Congresso Nacional. O tema é expressivamente relevante, sobretudo, porque irá congelar por 20 anos os investimentos públicos. Isto afetará diretamente a educação pública; um bem inalienável da sociedade brasileira.

Na E.E. Presidente Olegário Maciel a “aula coletiva” foi ministrada pelo Prof. Mestre Paulo Robério (História) e Prof. Gilberto (Filosofia). Já na E.E. Ministro Petrônio Portela o evento foi realizado também pelo Prof. Mestre Paulo Robério e contou com a expressiva colaboração do Prof. Jean (Geografia).

Nos dois eventos se dimensionou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 – no Senado Federal a mesma PEC tramita como 55 – em relação à Constituição Federal de 1988. Esta Constituição, chamada de “constituição cidadã” garantiu o acesso universal aos serviços públicos de caráter social, como educação, saúde, habitação, assistência social, infraestrutura, e outros, a todos os brasileiros indistintamente. A PEC 241 (55) visa desconstruir tais conquistas, pois, ao congelar os investimentos públicos por 20 anos desconsidera tanto a necessidade de novos investimentos devido ao crescimento absoluto da população, como a demanda, cada vez mais crescente, por serviços públicos de qualidade.

Do mesmo, ao não restringir os limites gastos com os pagamentos das dívidas interna e externa – o montante supera os R$ 3 trilhões – e ao criar um novo mecanismo de endividamento público por meio das Empresas Públicas não dependentes, a proposta da PEC 241 (55) significaria na prática a penalização, com um severo processo de empobrecimento, não apenas das famílias mais pobres, mas também da classe média, em detrimento das famílias realmente ricas do país – cerca de 20 mil – que continuarão sendo abastecidas com dinheiro público, pois são elas as principais beneficiadas como o endividamento interno. Atualmente mais de 42% de tudo que o país arrecada com os tributos vai para o pagamento destas dívidas.

Inúmeras questões foram levantadas por alunos e Professores presentes ao evento. Entre outras preocupações demonstradas se enfatizou os sérios e irreversíveis danos ao futuro desta geração e das próximas que precisam de uma educação pública de qualidade, condição para se viver plenamente a cidadania. Neste caso, com o congelamento dos investimentos públicos o futuro, tanto quanto ao acesso ao ensino superior, quanto a uma Escola pública que promova uma formação humana integral, passa a ser incerto e muito mais dificultoso para estas famílias.

O Prof. Mestre Paulo Robério F. Silva enfatizou, entre outras coisas, a importância da tomada de consciência sobre a realidade brasileira por parte dos educandos e toda a sociedade, sendo esta a condição primária para um posicionamento coletivo consistente em busca da garantia dos direitos de todos os brasileiros em terem serviços públicos gratuitos, universais e de qualidade. Além disso, eventos como estes também revelariam o amadurecimento da sociedade em relação à importância de uma educação política. Tal condição só se manifestaria possível por meio de educação escolar/científica adequada e pela superação imediata da educação promovida pela televisão, que, ao se tornar hegemônica, tem provocado um violento estado de alienação político-social-econômica na sociedade brasileira.
  
E.E. Presidente Olegário Maciel









E.E. Ministro Petrônio Portela