Discutir a Escola por meio de temas que sejam realmente
pertinentes à Escola pública. Este foi o eixo que norteou mais um importante
evento realizado neste sábado, 19 de novembro de 2016, na E.E. Ministro
Petrônio Portela. A palestra realizada pelo Prof. Mestre Paulo Robério F. Silva,
seguida de uma mesa redonda, teve como objetivos: lançar o 1º capítulo do seu novo
livro, bem como encerrar o ciclo de palestras promovidos este ano naquele
estabelecimento de ensino.
Com o tema: “O que é educação”, título do 1º capítulo do
livro Educação para a diversidade (no
prelo), a palestra do Prof. Mestre Paulo Robério visou trazer algumas reflexões
quanto à necessidade de se construir uma pedagogia
da diversidade. Considerando que a Diversidade significa o “mito” fundador
da sociedade brasileira, embora este mito ainda não seja reconhecido e tomado
como principal referência para as necessárias utopias que dariam sentido àquilo
que somos e, em consequência, o que visamos ser, a discussão foi organizada a
partir de alguns pontos: 1) a necessidade de se apreender a educação tanto em
sua perspectiva ontológica como histórica; 2) a educação como algo inevitável
ao ser social; 3) a Escola como institucionalização da educação; 4) a Escola
construída no Brasil nestes 500 anos; 5) e a necessidade de uma pedagogia da
diversidade para se superar o dualismo da Escola brasileira, caracterizado pela
promoção de privilégios para minorias e exclusão sistemática para a grande
maioria.
Para além destas abordagens, durante a mesa redonda em que
participaram como convidados a Supervisora da E.E. Presidente Olegário Maciel,
Hélia Silva Alves e os Professores: Hadson Neri de Almeida e Luciano Oliveira,
o primeiro representando o Olegário e o segundo a E.E. Ministro Petrônio
Portela, aprofundou-se a reflexão sobre alguns temas, como a Escola dualista,
quando foi possível perceber este fenômeno em duas dimensões: a) internamente,
muitas Escolas ainda se organizariam separando em turmas alunos de origens
sociais distintas, o que resulta em atenção diferenciada quando aos processos
de ensino; b) em termos institucionais, verifica-se a cisão tanto na
disponibilização de recursos, em que algumas Escola seriam privilegiadas, bem
como na diferença da qualidade de ensino que se apresenta entre as Escolas
públicas e algumas Escolas privadas. Também se enfatizou a falácia do mérito,
reproduzida por uma perspectiva capitalista de Escola, que esconde em suas
entranhas a necessidade premente de a Escola pública gerar oportunidades para
todos, indistintamente.
Em relação a estes e outros problemas, que podem ser tomados
como substratos dos diferentes modelos de Escola que por aqui se desenvolveram
e se desenvolve, partiu-se da constatação de que as ordens sócio-político-econômicas
que organizaram e organizam a sociedade brasileira, a saber: o escravismo
(ainda em voga), o capitalismo, e o cristianismo, têm sido os principais
empecilhos para se construir uma ordem social dominante fundada na Diversidade.
A Escola pública teria um papel central na consubstanciação
de uma Escola que fosse efetivamente capaz de superar esta realidade que, como
se sabe, resultou em uma importante e substancial contribuição na realização de
uma das sociedades mais desiguais e violentas do mundo. Seria por meio de uma
pedagogia da diversidade (transformadora, revolucionária, universal e fundada
no conhecimento), que a sociedade construiria novas bases materiais e teóricas
que resultariam na apropriação por todos, indistintamente, das benesses
produzidas pela própria sociedade, ao contrário do que vem se realizando nestes
500 anos, quando estas riquezas são concentradas em minorias, herdeiras, grosso
modo, da Casa Grande.
A Escola, neste caso, precisaria se (re)inventar. Como lócus privilegiado do conhecimento, a
Escola pública ofereceria à sociedade uma Formação Humana Integral, suplantando
definitivamente a pedagogia simplória, fragmentada, precária e subserviente ao
capitalismo, em favor de uma pedagogia da omnilateralidade, ou seja, das
possibilidades concretas de os educandos se apropriariam dos saberes
significativos produzidos pela humanidade ao longo da história, e por meio
desta apropriação, em diálogo com suas próprias experiências, se construir
novos sentidos e novas possibilidades de estar no mundo, a partir de suas
potencialidades, criatividades e da solidariedade.